A ordem do caos
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Desvendando o Parkinson: Tratamento Multidisciplinar
abril 11, 2019Texto abaixo escrito por Rui Miguel

Definitivamente a cidade de São Paulo não é uma cidade para um parkisoniano morar. Não, não estou falando mau da cidade, pelo contrário, acho a cidade linda, com uma cultura viva, uma gastronomia sem comparação pela diversidade e por todos os outros quisitos que a declamam com maior cidade do Brasil e maiores do mundo. A suas famosas ruas de 25 de março, Braz, Santa Efigenia, Teodoro e Sampaio sempre foram muito convidativos.
Essa semana resolvi visitar São Paulo (capital) e parte dessa visita se deu com a minha sobrinha. Uma jovem de 17 anos de nome Barbara que me cicerenou durante os dias que estivemos na cidade. Apesar de ela também morar em Belo Horizonte, ela possui um conhecimento dos pontos turísticos da cidade de uma maneira bem natural.
Para qualquer um que vai visitar São Paulo se não quiser ficar parado no transito e andar em muitos lugares no mesmo dia sabe que isso não acontecerá com um carro. Mas a única maneira disso acontecer é de metro (ou trem).
O Trem (ou metrô) em SP te leva a todos os lugares da capital. É muito utilizado no vai e vem dos trabalhadores. Por isso, em horários de pico, ficam estremamentes cheios ao ponto de voce se sentir uma sardinha dentro da lata. E voce deve procurar entrar de algum jeito, porque toda a vaga, todo o espaço é disputado de maneira acalorada. Agora, se voce tiver no meio da muvuca, não se preocupe, basta apenas deixar ser levado pela multidão. Nesses momentos de empurra-empurra seus pés chegam a flutuar.
Como iria passar alguns dias na cidade resolvemos (eu e minha sobrinha) visitar alguns pontos turísticos, como por exemplo, o MASP, biblioteca publica, a cidade velha, e alguns outros. Todos os trajetos realizados via trem. Gastamos em média 1 a 2 horas para chegar em qualquer lugar da cidade, essa é uma grande vantagem nesse caso.
Mas não se enganem. Para as pessoas, principalmente que tem Parkinson, que preza por uma vida calma e tranquila (ou é forçado a prezar) as estações de trem em SP não são para nós. Além da pressa e e correria que é típico do paulistano é associada com a cara de stress e cansaço dos usuários desse meio de transporte.
O caminho para pegar o metro (ou trem) era subindo escadas, descendo escadas, elevador, escada rolante para cima, escada rolante para baixo, escada rolante que não rola e esteiras. A correria é constante, Para mim, sempre com passos lentos, sair de um ponto para o outro era no mínimo estranho. As minhas pernas já não respondiam e quando eu estava quase sentando de cansaço eu via uma mão puxando o meu braço dizendo:
– Vão embora tio, tá demorando.
E assim minha caminhada continua.
Ao sair do trem, cuidado, existe um vão grande entre o trem e o piso da estação que se o motorista do trem não tivesse informado eu nem repararia, mas a persistência na atenção que deveríamos dar a este fato me deixou mais nervoso. Antes não tivera avisado. Cada vez que eu saia do trem ficava mais difícil pular aquele vão. Para um parkinsoniano as coisas pequenas são as que dão mais trabalho.
Dentro do vagão com o trem em movimento fui surpreendido pela feira que iniciou-se no recinto. De uma hora para a outra surgem pessoas com vários produtos na mão para serem vendidos. Entre eles: Balas de gengibre que ajudam no combate a gripe, fones de ouvido que aumentam e diminuem o volume do seu aparelho por R$ 5.00 e são originais e testes são realizados no local com o seu celular, lógico, para certificar que o produto é original. Também são vendidos torresmos no formato de salgadinho, pipoca, carteira de coro que acomoda 10 cartões e que na rua é 15 e com eles é 5. Quando é aberto as portas de qualquer estação onde os fiscais permanecem de olho nessa venda proibida, os vendedores simplesmente somem e reaparecem quando as portas se fecham.
Saindo de uma estação e indo para o local onde pegaríamos outra linha, utilizamos o elevador, no qual reparei que é tratado da mesma forma que o metrô. Entram no elevador quantas pessoas puderem ocupar aquele espaço. Ninguém verifica a mensagem de passageiros ou peso máximo. O elevador nada mais é que um trem (metrô) em vertical.
Tudo é tratado com muita pressa e quando eu paro com a minha sobrinha para tirar fotos da estação as pessoas acham estranho, mas não ligam, lógico se voce não atrapalhar o caminho delas que aliás é onde voce precisa tomar cuidado, principalmente usando as escadas rolantes. Fique, por sua segurança, no lado direito da escada porque ao contrário voce será atropelado pelo pelotão que vem a sua esquerda.
Ao entrar no vagão ou ser empurrado pela multidão para dentro dela reparei que o espaço, seja qual for o tamanho, é conquistado bravamente. Eu estava em pé com as duas mãos para cima para me segurar dos solavancos do transporte e ao meu lado em menos de um metro quadrado mais 5 pessoas, e enquanto eu estava pensando em como viver assim todos os dias me veio a resposta observando atentamente uma garota. Ela estava com o braço para cima segurando-se e com o celular em outra mão. Não havia espaço entre ela e as 7 pessoas que a rodeava naquele momento. Foi nessa hora que ao olhar para o rosto dela, a garota estava com o semblante tranquilo e calmo, se segurando com uma mão pra cima e a outra digitando normalmente no celular, como se aquilo fosse um momento natural e comum.
Ai está o problema. Acostumar com a situação. Deixar que coisas que normalmente te aborreceriam entrassem em sua rotina. Talvez a aceitação seja o melhor caminho. Aceitar as situações nos ajuda a lidar com os infortúnios do dia a dia.
Vendo isso voce me pergunta:
Tá bom, então me fala o que eu tenho que fazer para não aceitar essa situação e mudar a minha rotina e sair de minha zona de conforto para ter uma qualidade de vida melhor
-Resposta:
– Não sei! Me diga voce.
Enquanto voce tiver dúvida sobre seus sonhos, eles serão apenas expectativas tolas que nada significam; então pergunte-se: Como podemos chegar até as nuvens com os pés no chão
1 Comment
Adorei! Tratou os assuntos com bastante coerência e
clareza!