Exercicios Físicos – Lutando contra a maré
03/11/2016Adapte-se: O que aprendi…
06/11/2016Texto abaixo escrito por Rui Miguel
É…
Voce têm parkinson mesmo.
Ao
ouvir isso do médico fiquei assustado. Em choque. Fiquei sem palavras. O
meu irmão, que foi comigo ao consultório deu uma engolida a seco.
Muita coisa passou pela minha cabeça. Esposa. Filhos. Meus irmãos. Minha família.
Essa notícia veio depois de 6 meses de insistentes exames e 1 ano de sintomas. E então voces perguntam:
–
Porque voce ficou chocado? Não tinha idéia, não tinha lido, não tinha
pesquisado sobre os sintomas? Não passava pela sua cabeça que era
parkinson?
– Naquele momento não.
Havia feito muitas
pesquisas, como todo o portador dos primeiros sintomas. Mas o meu
primeiro médico (como já bloguei a dias atrás) não conseguiu
diagnosticar a doença e meu segundo médico, devido a exaustivos testes
feitos por ele e tendo conhecimento de testes anteriores me explicou por
A + B que o que eu tinha não era parkinson.
Então, eu estava
tranquilo. Podia ter perdido coordenação, podia tremer a vontade, mas eu
não estava preocupado. Não era parkinson.
Por isso fiquei tão
chocado quando recebi a notícia. E como todo médico a notícia veio a
seco, na lata, já seguido de recomendações médicas e previsíveis
evoluções.
Não estou dizendo que o médico tenha que te preparar para um notícia dessas, talvez dizendo:
–
vem cá meu velho amigo!!! Sente do meu lado. Sabe que gosto muito de
voce, não sabe? Voce quer um docinho, uma água? Preciso conversar um
assunto sério com voce: O gato subiu no telhado…
Não, nenhum
médico (dos que eu conheço) faz isso. E essa a função deles. Ser
sincero, direto e objetivo. Sem meias palavras. Talvez essa seja a
melhor e mais profissional maneira de tratar do assunto. Mas eu não
queria naquele momento ouvir recomendações médicas. Estava um pouco
desolado. Queria digerir primeiro aquela informação e depois cuidar do
resto.
No caminho de casa, dentro do carro, junto com o meu irmão
eu permanecia mudo e estático. Apenas pensando na minha família. Meu
irmão me falava palavras de incentivo. Permanecia imóvel, segurando com
todas as minhas forças que não fosse derramada nenhuma lágrima. Não
queria ver meu irmão triste.
Quando cheguei casa, abracei minha esposa. Foi quando desabei…
Chorei copiosamente, até soluçar. Acho que chorei também por várias outras coisas que estavam guardadas. Aproveitei o embalo.
Quando parei de chorar, sozinho no meu quarto, pensei:
–
O que adianta eu chorar? O que adianta ficar me lamentando? O mundo não
vai parar por causa de mim. Ninguém vai levar a minha vida. A
responsabilidade de ser feliz e fazer minha família feliz, é só minha.
Eu tenho o poder de mudar a situação. A única pessoa que pode lutar
contra isso sou eu, ninguém vai assumir minha responsabilidade. Como diz
Shakespeare:
– “Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.”
Desse momento em diante, prometi pra mim mesmo que não ia me lamentar e iria fazer tudo pra lutar contra o parkinson.
O
mais interessante é que essa ação gerou uma reação. Acredito muito na
lei da atração, que quando voce faz coisas boas voce atrai coisas boas. E
nesse caso isso aconteceu.
Ao lutar contra a doença, melhorando a
qualidade de vida em vários aspectos, comecei a não levar ele mais a
sério e comecei a ver as situações engraçadas passadas por nós,
parkinsonianos.
Comecei a enxergar coisas que eu não via antes.
Comecei a dar valor a muitas coisas. Acheguei mais a minha família.
Preocupo mais com minha saúde. Faço coisas que gosto. Apenas faço aquilo
que me dá prazer. Mudei minhas perspectivas.
E termino esse texto também com uma frase de Sheakespeare:
– Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos.